Xintoísmo - religiões japonesas

O xintoísmo, uma antiga religião japonesa, ainda é praticado hoje e tem sido considerado a religião formal do estado do Japão. Enraizada no animismo pré-histórico, a religião não tem fundador, textos sagrados oficiais ou doutrina formalizada. O xintoísmo consiste em práticas rituais em santuários públicos dedicados a muitos deuses diferentes, rituais públicos, como memoriais de guerra e festivais de colheita, e adoração a ancestrais. O xintoísmo tem sido usado ao longo da história no desenvolvimento de distintas atitudes, consciência e tradição japonesas.

História e Visão Geral das Crenças

A história registrada de Shinto data de um par de textos do século VIII, mas evidências arqueológicas sugerem que a tradição se estende muito além. Como muitos povos pré-históricos, os primeiros japoneses eram provavelmente animistas, dando características espirituais a plantas, animais e outros fenômenos naturais. Uma tradição oral de rituais e histórias desenvolveu-se organicamente, quando essas primeiras pessoas começaram a estabelecer raízes históricas e lutaram para dar sentido a seu lugar no mundo. O xintoísmo tornou-se mais formalmente estabelecido em resposta ao aumento das interações entre o Japão e a Ásia continental: os clãs japoneses desenvolveram um sistema formalizado para diferenciar suas crenças das dos forasteiros. A partir do 6º século EC, o xintoísmo começou a assumir aspectos de outras religiões asiáticas: o budismo, da Coréia, e o confucionismo, da China.

O xintoísmo é fundado na adoração e crença em kami, que são entendidos como seres sagrados e divinos, assim como essências espirituais. Esses seres espirituais existem na natureza: dentro de montanhas, árvores, rios, fenômenos naturais e regiões geográficas. Acredita-se que as kami sejam forças criativas naturais e abstratas, em oposição às divindades onipotentes da religião ocidental. Espera-se que os seguidores vivam em harmonia e coexistência pacífica com o mundo natural e com outros seres humanos, permitindo que a religião seja praticada em conjunto com outras crenças religiosas.

Presença Global e Membros Notáveis

Embora quase 80% da população japonesa pratique o xintoísmo, muito poucas pessoas se identificam como "xintoístas" em pesquisas religiosas. Isso se deve à onipresença e informalidade da religião: a maioria dos japoneses participa do "xintoísmo popular", visita santuários xintoístas e participa de rituais, sem pertencer a um grupo religioso institucional. Existem aproximadamente 81.000 santuários e 85.000 sacerdotes xintoístas no Japão. Alguns sacerdotes estrangeiros foram ordenados nas últimas duas décadas, mas a prática continua sendo predominantemente japonesa.

Desenvolvimento e Propagação da Fé

No final do século 19 e início do século 20, o xintoísmo foi estabelecido como a religião do estado do Japão e os festivais e cerimônias religiosas xintoístas estavam irrevogavelmente ligados aos assuntos do governo. A aristocracia governante usava o xintoísmo, o confucionismo e o budismo como meio de manter a ordem no Japão. A lenda xintoísta sustentava que a família imperial japonesa era descendente de uma linha ininterrupta da deusa do sol Amaterasu.

O imperador e a corte realizaram rituais e cerimônias religiosas meticulosas para garantir que o kami protegesse o Japão e seu povo. Essas cerimônias foram consagradas no calendário administrativo do governo. Durante esse período, o governo japonês utilizou sistematicamente o culto aos santuários para incentivar a lealdade imperial entre seus cidadãos. O governo chegou a estabelecer o "Departamento para os Assuntos das Deidades" para promover a idéia de que a sobrevivência do Japão dependia de seus cidadãos mantendo o status quo com apoio inquestionável do governo e da família imperial.

Desafios e Controvérsias

Os missionários chegaram ao Japão durante o século XVI com a intenção de converter os japoneses do xintoísmo e do budismo ao cristianismo. Isso foi visto como uma ameaça política, e o governo tomou medidas drásticas para impedir que o cristianismo se espalhasse. Durante o século XVII, a política do governo anticristão exigiu que todos os japoneses se registrassem em um templo budista e se comprometessem a praticar o budismo, embora com fortes influências xintoístas. Durante o período nacionalista, vestígios do budismo foram retirados dos santuários xintoístas, e o xintoísmo foi oficialmente declarado "não religioso". Esta declaração foi feita para preservar a garantia constitucional da liberdade religiosa japonesa, mesmo quando o xintoísmo foi imposto ao povo como uma prática cultural nacionalista. Após a Segunda Guerra Mundial, o xintoísmo foi desestabilizado e o imperador perdeu seu status divino durante a reforma aliada do Japão.

Perspectivas futuras

Embora não seja mais a religião oficial do estado, o Xintoísmo ainda influencia fortemente a espiritualidade e a vida cotidiana no Japão. Sacerdotes xintoístas são freqüentemente chamados a fazer bênçãos durante a inauguração de novos edifícios ou empresas, e os carros feitos no Japão são frequentemente abençoados durante o processo de montagem. Embora o imperador não seja mais considerado uma divindade, muitas cerimônias imperiais ainda estão mergulhadas em rituais religiosos e misticismo. E apesar do status não-divino do Imperador, considerável ritual religioso e misticismo ainda cercam muitas cerimônias imperiais. O xintoísmo continua a unir os japoneses com sua poderosa mistura de devoção espiritual, lealdade familiar e orgulho nacional.