O rio Araguaia

Descrição

Os 2.627 quilômetros de extensão do rio Araguaia são um dos principais rios do Brasil. Surge perto da cidade brasileira de Alto Araguaia, no leste do estado do Mato Grosso, no Planalto Brasileiro, e se junta ao rio Tocantins, em São João do Araguaia. Embora o Araguaia seja tratado como um afluente do Tocantins, é quase igual em volume ao último na confluência de ambos os rios. Em um ponto no meio do caminho, o Araguaia se divide em uma bifurcação que abrange a Ilha do Bananal, com 320 quilômetros de extensão, que abriga o Parque Nacional do Araguaia.

Papel Histórico

O nome do rio Araguaia significa o "rio das araras vermelhas" na língua tupi local. Desde há muito tempo, a bacia do rio foi habitada pelos povos nativos da América do Sul. Em 1897, o geógrafo e explorador francês Henri Coudreau explorou parcialmente o comprimento do rio. Em 31 de dezembro de 1959, o Parque Nacional do Araguaia foi estabelecido na Ilha do Bananal para proteger e preservar a flora e fauna nativas da região. Entre 1972 e 1974, o rio Araguaia também testemunhou o conflito entre as forças guerrilheiras de esquerda e as forças armadas leais ao então ditador militar do país, Emilio Médici.

Significado moderno

Diversos parques protegidos, como o Parque Nacional das Emas e o Parque Nacional do Araguaia, existem ao longo do curso do rio Araguaia. Esses parques conseguem atrair um grande número de turistas para o Brasil a cada ano, beneficiando as economias locais da região. Embora a presença de numerosas quedas e corredeiras permita que apenas algumas seções do rio sejam utilizadas para navegação, o rio tem grande potencial para ser utilizado na geração de energia hidrelétrica. Estima-se também que existam vastos depósitos minerais de cobre, urânio, zinco e até mesmo diamantes no curso superior deste rio, uma área que, até o momento, ainda é largamente inexplorada. O rio também forma a fronteira natural entre os estados brasileiros do Pará e Tocantins.

Habitat

O Parque Nacional do Araguaia situa-se na zona de transição entre as densas florestas tropicais da Amazônia, ao norte, e os ecossistemas de pastagem e floresta raquítica ao sul. A vegetação da área é caracterizada por florestas caducifólias e savanas. A topografia do parque é geralmente plana, ocorrendo frequentemente inundações pelas águas do Araguaia. Os meses de setembro a outubro são os mais quentes, enquanto a precipitação é mais freqüente entre novembro e março. A fauna do Parque Nacional do Araguaia é composta por uma grande diversidade de mamíferos, incluindo os tamanduás gigantes, capivaras, onças, lobos-guarás e lontras gigantes, além de mamíferos aquáticos como o golfinho do rio Amazonas. Mais de 700 espécies de aves são encontradas neste ecossistema, incluindo aves como o tucano comum, a carriça do músico e o ganso do Orinoco. Répteis como os jacarés-negros, jacarés-de-óculos, tartarugas e cobras, bem como uma grande diversidade de anfíbios, insetos e mais de 300 espécies de peixes, povoam as florestas e as águas deste parque nacional e de seus habitats circundantes. Recentemente, pesquisadores também descobriram uma nova espécie de golfinho, o Inia araguaiaensis, no rio Araguaia. Uma vez que estimam que a população atual deste recém-descoberto golfinho é de cerca de 1.000 indivíduos, eles recomendam a classificação desta espécie para a categoria "Vulnerável" na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Ameaças e disputas

O Rio Araguaia abriga um dos ecossistemas mais singulares do mundo, e qualquer ameaça a este rio pode levar ao colapso desse ecossistema e causar a morte de muitas de suas espécies endêmicas, incluindo o recentemente descoberto golfinho do rio Araguaia. O rápido crescimento da população na área está desencadeando o desmatamento em massa, e a possibilidade futura de explorar a terra ao redor do rio para mineração de minério continua a ameaçar a biodiversidade desse habitat intocado. O represamento de rios também dificulta a migração natural das espécies de peixes nativos do rio e seus golfinhos, afetando seus ciclos de vida e padrões de reprodução. Atualmente, o governo brasileiro planeja construir 7 represas ao longo do rio Araguaia, e também canalizar e explodir afloramentos rochosos ao longo do rio para criar meios de navegação ao longo do rio. Embora estas provavelmente beneficiassem as economias nacionais e regionais, elas poderiam significar um desastre para a flora e a fauna que habitam esses habitats ribeirinhos.